Em 2020, a taxa de empreendedorismo total no Brasil atingiu o menor patamar dos últimos oito anos e caiu para 31,6%, o que representa uma redução de 18,33% quando comparada com 2019, que foi de 38,7%. As informações constam no relatório da GEM – Global Entrepreneurship Monitor de 2020, realizada no Brasil pelo Sebrae em parceria com o IBPQ – Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade. Com esse resultado, o Brasil ocupa agora o 7º lugar em taxa total de empreendedorismo no mundo (antes estava na 4ª posição).

Essa elevada redução na taxa de empreendedores revela uma piora da qualidade da gestão das empresas e, principalmente, de planejamento conforme aponta o proprietário do Grupo AndMend, Rafael da Silva Mendonça, empresa de administração e contabilidade. “É comum faltar uma postura de empresário/gestor para quem monta seu próprio negócio. A pessoa está envolvida no processo de produção e não consegue ou não sabe colocar em prática o fundamental: a parte administrativa”.
Se a empresa está com problemas financeiros, é possível revertê-los com a adoção do choque de gestão, processo que alcança toda a estrutura dela. “Ao optar pelo choque de gestão, é preciso estar consciente de aplicar medidas duras e nem sempre fáceis de absorver em um primeiro momento”, revela Mendonça.

A gestão financeira é a raiz do negócio. São questões variadas no dia a dia, como a interpretação do lucro e prejuízo, capital de giro, controle de estoque, gestão das finanças, tributo a ser recolhido, pagamento de funcionários, registro dos atos constitutivos, entre tantos outros que o empreendedor precisa entender para gerir seu negócio. E a ferramenta para isso é dedicação regada à muita disciplina.

“Essas são as condições mínimas para prosperar. É preciso arrumar tempo para estudar bastante. Hoje o acesso às informações e cursos está mais fácil, além de entidades que oferecerem suporte, como o Sebrae, por exemplo. Se a pessoa não dá conta do recado, uma opção é contratar uma assessoria. Esse tipo de investimento também faz toda a diferença”, pontua Mendonça.

Todo o esforço em aprender a administrar ou mesmo contratar uma assessoria para auxiliar nesse processo é o principal fator do choque de gestão. “O brasileiro tem uma questão cultural de que tudo pode ser feito com ‘jeitinho’ e esse não é o caminho para o sucesso. É uma construção sólida, feita passo a passo. É entender que empreender exige sacrifícios e um capital mínimo para investir em sua educação financeira ou na contratação de uma assessoria. E como muitos não assimilam esses pontos, o choque de gestão é formado”.

Vale ressaltar também que investimentos em tecnologia e automação na gestão financeira são grandes aliados. “Softwares e plataformas de gestão estão mais acessíveis e interessantes. Porém, de dez empresas, uma implementa a tecnologia, provando que este é outro grande entrave do choque de gestão”, encerra.